Pensando nisso me lembrei do primeiro atendimento fraterno que tive na busca de lidar com a fibromialgia. Ela me dizia duas coisas essenciais: você precisa trabalhar e cuidado com os seus pensamentos, sua doença não está no seu corpo. Na época eu não entendi porque ela me disse isso. Eu já trabalhava e tinha certeza que a fibromialgia estava no meu corpo, afinal, eu sentia dores. Ela me disse: "A melhor solução para o desespero é o trabalho". Eu estava mesmo desesperada de dor e de tristeza, mas ainda não entendia, que trabalho era esse, já que a minha carteira de trabalho estava muito bem assinada. Mas naquela época eu só fazia trabalhar. Eu acordava, mecanicamente me vestia e pegava o metrô, fazia minhas tarefas no trabalho bem rapidamente e quando voltava para casa dava comida e um afago na minha cachorrinha e ia dormir. Às vezes eu tinha forças para tomar um banho, (ou quando meu cabelo estava demasiado oleoso para ir trabalhar no dia seguinte).
Eu estava deprimida. E provavelmente muitas e muitos de vocês que estão lendo isso também ficaram deprimidos por causa das dores. Mas é importante refletir sobre os fatores desencadeantes para o começo da fibromialgia em sua vida; quando você começou a sentir dor?: foi depois de um acidente de carro? Uma lembrança de uma situação que você fez de tudo para esquecer? Foi uma série de bullyings que você viveu? Foi a morte repentina de um ente querido? O desaparecimento de uma pessoa amada?
Pense, pense em tudo aquilo que te incomoda no mais profundo do seu ser. E TRABALHE nesse sentimento, seja ele mágoa, culpa, arrependimento, tristeza, insatisfação, ressentimento, ira, seja qual for o sentimento, trabalhe-o, e tente mudá-lo. Os sentimentos nos adoecem. É claro que a doença está no nosso corpo, mas também não custa refletir sobre nossos sentimentos e tentar alterá-los para sentimentos melhores. Isso só nos fará bem. É difícil fazer esse trabalho com nossos pensamentos e sentimentos, mas vale a pena. Tem me ajudado, definitivamente tenho sentido menos dor, ainda que eu não tenha conseguido retirar os remédios. Pelo menos eu consigo viver lembrando só às vezes que tenho fibromialgia.
Imagem: June Yarham
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