sexta-feira

A fibromialgia e o efeito placebo

Comecei a ler um pouco sobe Bioética. A Ética, ramo da Filosofia, busca pensar sobre a seguinte questão: "Como devemos agir?". A Ética se divide em várias ramificações, cada uma delas pensa essa pergunta a partir de um determinado contexto, por exemplo, "Como devemos agir em relação à Inteligência Artificial?", "Como devemos agir no que tange à forma como o governo lida com a distribuição e propagação das informações disponibilizadas na Internet?". Outras perguntas do campo da Ética são: "Como podemos ser felizes?". A Bioética circunscreve a pergunta "Como devemos agir" aos campos das Ciências da Saúde, Ciências Biológicas e Direito. Aborto, inseminação artificial, eutanásia, clonagem, são exemplos de assuntos muito estudados na Bioética.

Mas o que isso tem a ver com a fibromialgia? Bom, quem tem fibromialgia e reflete sobre sua própria condição pode ter chegado a se perguntar sobre a questão do placebo. Quando descobri que eu estava com fibromialgia, essa palavra não fazia muito parte do meu cotidiano, eu sequer havia pensado sobre ela, até porque não sou da área de biológicas. Mas em uma época na qual eu estava sentindo muita dor fui ao meu reumatologista e lhe perguntei se havia alguma vitamina ou medicina natural que poderia minimizar as dores que eu estava sentindo. Meu médico é também um pesquisador, em outros termos, um cientista, e ele me disse, "Olha, eu não receito vitaminas, mas minha esposa, que é ginecologista, as receita sempre. Eu acho que é uma questão de acreditar.". Essa é a base da ideia do placebo: você toma algo que não foi cientificamente comprovado como eficaz para a sua doença, mas você acredita que aquilo lhe fará bem. E de fato o faz.

Imagem: Bruce Aldridge

Estudos recentes mostram que isso não é meramente psicológico, mas tem efeitos neuronais atuando no seu cérebro. Então se você se consulta há anos com um médico homeopata e confia nele, confia que aquela medicina vai lhe ajudar, isso aumenta o trabalho dos medicamentos no seu corpo. Tenho pensado muito sobre isso porque em tempos de crise eu tento de tudo, vitaminas, suplementos, chás, sementes, mantas com campo magnético, acupressão. Pensar sobre o efeito placebo desses modos de tratamento não é negar que eles tenham uma eficácia fisiológica, ainda que não comprovada, mas pensar que um remédio começa a ser eficaz porque você já acredita e confia em seu médico. Se você vai a um médico que não confia, por exemplo, isso pode ter um efeito negativo no efeito do remédio no seu corpo, ou seja, ele pode funcionar menos do que em outra pessoa que confia naquele médico.

Por exemplo, eu fiquei meses sem sentir dor fazendo uso de tipo um lençol que cria campos magnéticos. Mas no momento em que resolvi comprar essa manta, não me importava se a ciência provava ou não seus efeitos. Eu só queria sentir menos dor. Por outro lado, eu tenho uma amiga que também sofre de dor crônica, mas que não acredita em medicina alternativa, ela chega a ter medo de seus efeitos não estudados. E possivelmente para ela nenhum desses medicamentos alternativos faria efeito, porque o efeito placebo seria nulo nela. Se ela ousasse tomar algum remédio não alopático para a dor, achando que não fosse funcionar, se ele funcionasse creio que poderíamos pensar que de fato ele é bom. Mas, por outro lado, eu, que acredito que tudo pode melhorar minha dor, acabo sendo mais beneficiada pois minha crença atua nas minhas redes neuronais, fazendo com que eu me sinta melhor.

Vou escrever mais sobre isso em breve. Em resumo: é importante que você confie no seu médico, é importante que você acredite no tratamento que está fazendo, para que os efeitos sejam mais rápidos.

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