quarta-feira

Suco de couve saboroso

Receita:
Uma mão cheia de couve picada (sem a parte grossa do meio)
Uma laranja descascada e picada (deixe a parte branca)
Suco de meio limão
Meia banana grande picada
250 ml de chá de capim cidreira concentrado (ou água)

Bata tudo no liquidificador.
Se quiser adicione açúcar.

Eu gosto do sabor amargo da laranja, por isso descasquei no dia anterior e a parte branca deixa um sabor amargo quando deixada de um dia para o outro. Caso não goste, descasque na hora mesmo. Caso não goste do sabor da casca branca de forma alguma, pode retirá-la, mas lembre-se de que ela é muito boa para a digestão.

Dizem que o suco de couve é muito bom para amenizar os sintomas da fibromialgia. Comecei a tentar agora. De qualquer forma, é uma boa opção para começar o dia.
Foto: Liliana Fuchs



segunda-feira

Carta para mim ou refletindo sobre a depressão

Essa carta escrevi para mim mesma em junho de 2009. Eu estava prestes a terminar uma etapa em minha vida e ser diagnosticada com depressão e fibromialgia. As palavras ainda me tocam; ainda há muito a ser mudado na minha vida. 


Querida Doralice

Essa carta eu escrevo para você, para o primeiro lado de mim com o qual eu luto tanto. Escrevo para te lembrar da leveza e da vontade de viver que eu tenho guardadas comigo; um sutil detalhe do entardecer, um sorriso de um amigo, a frescura de uma cerveja na segunda-feira à noite, a sempre presente possibilidade de mudar os planos. Te escrevo para te lembrar de como você gosta de coisas pequenas, pequenos detalhes gastronômicos, pequenas demonstrações de afeto, pequenos papéis espalhados pelo quarto, pequenos lembretes na agenda, pequenas idéias inacabadas. Te escrevo para te dizer que eu sou a parte de você que tem ânsia de terminar o começado, de ver as coisas concluídas, de fazer tudo bem-feito e trabalhar sempre com um certa ideia de medida. Eu sou o seu lado tranquilo, que consegue sorrir ao receber um bolo, que busca entender o outro lado, que busca a paz e a harmonia, que quer a felicidade e a leveza. Eu sou a parte de ti que acredita na vida, que gosta de cantar, dançar e cozinhar, que quer escrever um livro, que quer entender a diferença genérica entre conto e micro-conto, que sente saudades, mas quer finalizar os processos. Eu sou a parte de ti que fica brava quando você não se levanta ao soar o despertador, que fica mal humorada quando você acorda tarde, perdendo assim a metade do dia. Eu sou a parte de você que é contraditória, que quer a perfeição, o melhor, o melhor. Eu te machuco, eu sei. Essa ânsia não apenas de terminar, mas terminar bem, dentro de padrões elevados de qualidade te destroem, eu acho. Porque você prefere não fazer a fazer mal-feito. Eu tenho que mudar para você querer acordar de manhã, eu tenho que aceitar que as coisas ficam assim, dentro da possibilidade, que não serão perfeitas. Mas eu realmente gostaria de te pedir que não parasse no meio mais uma vez. Eu sei da sua vontade de pegar um avião e voltar para casa, cavar uma fossa e se afundar lá dentro. Eu sei que você queria conseguir um emprego qualquer para poder viver sem ter que pensar, sem ter que tentar fazer o melhor. Eu sei que você não liga de ficar na fila do meio, no meio do muro, usar a metade da folha. Eu queria ver o fim do livro, o fim do caderno, ler a conclusão do texto. Eu queria fazer as coisas, levantar, viver. E você fica buscando se matar pouco a pouco. Eu queria que você parasse com esse hábito de te causar pequenas mortes. Eu queria que você me deixasse viver, me libertasse desse medo do futuro. Eu odeio quando você paralisa. Fica horas e horas fazendo nada, absolutamente nada de especial, nada de útil, nada. Preferiria que você estivesse a tomar uma cerveja ou passeando ou viajando, mas não, você fica dentro do quarto, de janela e porta fechadas maquinando a sua próxima morte. Eu queria que você parasse com isso, por favor. Eu queria saber porque na nossa disputa você tem vencido ultimamente. Ultimamente é tão amplo, eu estou falando de meses. Eu queria saber como faço para te vencer, eu quero viver, eu quero terminar as coisas que começam, eu quero parar de me matar cada semana. Eu quero me permitir pequenos sorrisos e pequenas felicidades. Eu queria que você gostasse mais de mim, acho que é isso. Porque o fato de você me boicotar tanto deve ser porque você não gosta de mim. Por que você não gosta de mim? O que eu fiz para você me tratar tão mal? Eu fico tentando fazer as coisas direitinho e você fica me impedindo de viver. Por quê? Ah... se você me deixasse eu ia viver tranquilamente, ah, você podia me aceitar como eu sou, parar de me julgar tanto. Por que você me maltrata assim? Ei, levante daí e me responda? Hoje eu vou ganhar, você vai ver.  

Sobre dores e canetas

Hoje senti dor durante o dia. Tentei comprar uma mochila de natação pela Internet, mas não consegui. Eu fico com essas ilusões de que eu vou comprar uma mochila, um palmar ou uma prancha nova e isso vai mudar a minha vida, que eu vou virar uma atleta. Mas infelizmente no fundo eu sei que isso não vai acontecer, não por ora. Hoje mesmo eu queria ter ido nadar mas minhas pernas doíam tanto que acabei em casa, dormindo. Os meus braços também estão doendo, por isso escrevo devagar, deveria ter escolhido uma caneta mais leve. Aliás, ganhei da universidade uma caneta Cross de formatura, mas nunca pude usá-la por mais de 3 min, de pesada que ela é. Nunca pensei que o peso de uma caneta poderia ser um problema para mim. E essa fraqueza toda me levará a publicar esse texto só amanhã, porque eu não vou ligar o PC, digitar, etc. Hoje não, amanhã talvez.
Imagem: Andrea Joseph