terça-feira

Lítio e ciclobenzaprina


Apenas como registro. Tenho a impressão que a ciclobenzaprina aumenta os níveis de Lítio no sangue.

Imagem: Amayzun
Desde a última crise de fibromialgia voltei a tomar ciclobenzaprina, o que, naturalmente, ajudou com a dor. Mas com o tempo comecei a sentir frequentes enjoos, náuseas, não conseguia comer várias comidas que eu estava acostumada, tonturas, dor de cabeça e tremores no corpo que iam cada vez me incomodando mais. Na noite retrasada eu troquei os remédios da noite pelo remédio da tireoide que tomo de manhã. A primeira coisa que pensei foi, ah, não! Mas logo vi que minhas mãos tremiam menos. Hoje é o segundo dia sem ciclobenzaprina e minhas mãos tremem quase nada, apesar de eu ter voltado a sentir dores no corpo. Mas acho que prefiro isso às náuseas e tonturas que eu estava sentindo. E se você está cogitando outra possibilidade, não, fiz o teste, não é gravidez.

Imagem: Fdecomite
Pesquisando em um site do Canadá, está relatado que pode haver efeitos colaterais entre o lítio e a ciclobenzaprina, então, cuidado! Não vale a pena tentar, as reações são muito ruins.
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There may be an interaction between lithium carbonate and any of the following:
  • ACE inhibitors (e.g., enalapril, ramipril)
  • acetazolamide
  • alfuzosin
  • amiodarone
  • angiotensin II receptor blockers (e.g., irbesartan, losartan)
  • antipsychotics (e.g., chlorpromazine, clozapine, haloperidol, olanzapine, quetiapine, risperidone)
  • bromocriptine
  • buspirone
  • cabergoline
  • calcitonin
  • calcium polystyrene sulfonate
  • carbamazepine
  • chloroquine
  • cisapride
  • crizotinib
  • cyclobenzaprine
  • degarelix
  • desmopressin
  • desvenlafaxine
  • dextromethorphan
  • diltiazem
  • disopyramide
  • diuretics (water pills; e.g., furosemide, hydrochlorothiazide, triamterene)
  • dofetilide
  • eplerenone
  • ergot alkaloids (e.g., ergotamine, dihydroergotamine)
  • flecainide
  • fluconazole
  • iodide salts (e.g., iodine, potassium iodide)
  • macrolide antibiotics (e.g., clarithromycin, erythromycin)
  • methyldopa
  • metoclopramide
  • mifepristone
  • NSAIDs (e.g., celecoxib, naproxen, ibuprofen)
  • mirtazapine
  • monoamine oxidase inhibitors (MAOIs; e.g., moclobemide, phenelzine, rasagiline, selegiline, tranylcypromine)
  • phenytoin
  • procainamide
  • quinidine
  • quinine
  • quinolone antibiotics (e.g., ciprofloxacin, norfloxacin, ofloxacin)
  • rilpivirine
  • romidepsin
  • St. John's wort
  • saquinivir
  • selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs; e.g., citalopram, duloxetine, fluoxetine, paroxetine, sertraline)
  • serotonin antagonists (anti-emetic medications; e.g., granisetron, ondansetron)
  • sodium bicarbonate
  • sodium chloride
  • sodium polystyrene sulfonate
  • sotalol
  • tapentadol
  • tetrabenazine
  • theophyllines (e.g., aminophylline, oxtriphylline, theophylline)
  • topiramate
  • tramadol
  • trazodone
  • tricyclic antidepressants (e.g., amitriptyline, clomipramine, nortriptyline)
  • "triptan" migraine medications (e.g., eletriptan, sumatriptan)
  • tryptophan
  • venlafaxine
  • verapamil

segunda-feira

Os sentimentos e a fibromialgia

Tenho ido todo mês a um grupo de pessoas com fibromialgia. Ali conheci uma moça da minha idade, mas que me fez pensar no modo como eu lido com a fibromialgia.Um dia ela sofreu um acidente de carro e começou a sentir as dores da fibromialgia. Isso a obrigou a aceitar que ela não seria mais capaz de fazer tudo. Ao invés de limpar a casa, contratou uma faxineira uma vez por semana. Como não conseguia lavar vasilhas, comprou uma lava-louças, mas não parou de trabalhar. Todos os dias, oito horas por dia, tenha dor ou não tenha dor, lá estava ela, ralando.

Pensando nisso me lembrei do primeiro atendimento fraterno que tive na busca de lidar com a fibromialgia. Ela me dizia duas coisas essenciais: você precisa trabalhar e cuidado com os seus pensamentos, sua doença não está no seu corpo. Na época eu não entendi porque ela me disse isso. Eu já trabalhava e tinha certeza que a fibromialgia estava no meu corpo, afinal, eu sentia dores. Ela me disse: "A melhor solução para o desespero é o trabalho". Eu estava mesmo desesperada de dor e de tristeza, mas ainda não entendia, que trabalho era esse, já que a minha carteira de trabalho estava muito bem assinada. Mas naquela época eu só fazia trabalhar. Eu acordava, mecanicamente me vestia e pegava o metrô, fazia minhas tarefas no trabalho bem rapidamente e quando voltava para casa dava comida e um afago na minha cachorrinha e ia dormir. Às vezes eu tinha forças para tomar um banho, (ou quando meu cabelo estava demasiado oleoso para ir trabalhar no dia seguinte).

Eu estava deprimida. E provavelmente muitas e muitos de vocês que estão lendo isso também ficaram deprimidos por causa das dores. Mas é importante refletir sobre os fatores desencadeantes para o começo da fibromialgia em sua vida; quando você começou a sentir dor?: foi depois de um acidente de carro? Uma lembrança de uma situação que você fez de tudo para esquecer? Foi uma série de bullyings que você viveu? Foi a morte repentina de um ente querido? O desaparecimento de uma pessoa amada?

Pense, pense em tudo aquilo que te incomoda no mais profundo do seu ser. E TRABALHE nesse sentimento, seja ele mágoa, culpa, arrependimento, tristeza, insatisfação, ressentimento, ira, seja qual for o sentimento, trabalhe-o, e tente mudá-lo. Os sentimentos nos adoecem. É claro que a doença está no nosso corpo, mas também não custa refletir sobre nossos sentimentos e tentar alterá-los para sentimentos melhores. Isso só nos fará bem. É difícil fazer esse trabalho com nossos pensamentos e sentimentos, mas vale a pena. Tem me ajudado, definitivamente tenho sentido menos dor, ainda que eu não tenha conseguido retirar os remédios. Pelo menos eu consigo viver lembrando só às vezes que tenho fibromialgia.
Imagem: June Yarham

sexta-feira

A fibromialgia e o efeito placebo

Comecei a ler um pouco sobe Bioética. A Ética, ramo da Filosofia, busca pensar sobre a seguinte questão: "Como devemos agir?". A Ética se divide em várias ramificações, cada uma delas pensa essa pergunta a partir de um determinado contexto, por exemplo, "Como devemos agir em relação à Inteligência Artificial?", "Como devemos agir no que tange à forma como o governo lida com a distribuição e propagação das informações disponibilizadas na Internet?". Outras perguntas do campo da Ética são: "Como podemos ser felizes?". A Bioética circunscreve a pergunta "Como devemos agir" aos campos das Ciências da Saúde, Ciências Biológicas e Direito. Aborto, inseminação artificial, eutanásia, clonagem, são exemplos de assuntos muito estudados na Bioética.

Mas o que isso tem a ver com a fibromialgia? Bom, quem tem fibromialgia e reflete sobre sua própria condição pode ter chegado a se perguntar sobre a questão do placebo. Quando descobri que eu estava com fibromialgia, essa palavra não fazia muito parte do meu cotidiano, eu sequer havia pensado sobre ela, até porque não sou da área de biológicas. Mas em uma época na qual eu estava sentindo muita dor fui ao meu reumatologista e lhe perguntei se havia alguma vitamina ou medicina natural que poderia minimizar as dores que eu estava sentindo. Meu médico é também um pesquisador, em outros termos, um cientista, e ele me disse, "Olha, eu não receito vitaminas, mas minha esposa, que é ginecologista, as receita sempre. Eu acho que é uma questão de acreditar.". Essa é a base da ideia do placebo: você toma algo que não foi cientificamente comprovado como eficaz para a sua doença, mas você acredita que aquilo lhe fará bem. E de fato o faz.

Imagem: Bruce Aldridge

Estudos recentes mostram que isso não é meramente psicológico, mas tem efeitos neuronais atuando no seu cérebro. Então se você se consulta há anos com um médico homeopata e confia nele, confia que aquela medicina vai lhe ajudar, isso aumenta o trabalho dos medicamentos no seu corpo. Tenho pensado muito sobre isso porque em tempos de crise eu tento de tudo, vitaminas, suplementos, chás, sementes, mantas com campo magnético, acupressão. Pensar sobre o efeito placebo desses modos de tratamento não é negar que eles tenham uma eficácia fisiológica, ainda que não comprovada, mas pensar que um remédio começa a ser eficaz porque você já acredita e confia em seu médico. Se você vai a um médico que não confia, por exemplo, isso pode ter um efeito negativo no efeito do remédio no seu corpo, ou seja, ele pode funcionar menos do que em outra pessoa que confia naquele médico.

Por exemplo, eu fiquei meses sem sentir dor fazendo uso de tipo um lençol que cria campos magnéticos. Mas no momento em que resolvi comprar essa manta, não me importava se a ciência provava ou não seus efeitos. Eu só queria sentir menos dor. Por outro lado, eu tenho uma amiga que também sofre de dor crônica, mas que não acredita em medicina alternativa, ela chega a ter medo de seus efeitos não estudados. E possivelmente para ela nenhum desses medicamentos alternativos faria efeito, porque o efeito placebo seria nulo nela. Se ela ousasse tomar algum remédio não alopático para a dor, achando que não fosse funcionar, se ele funcionasse creio que poderíamos pensar que de fato ele é bom. Mas, por outro lado, eu, que acredito que tudo pode melhorar minha dor, acabo sendo mais beneficiada pois minha crença atua nas minhas redes neuronais, fazendo com que eu me sinta melhor.

Vou escrever mais sobre isso em breve. Em resumo: é importante que você confie no seu médico, é importante que você acredite no tratamento que está fazendo, para que os efeitos sejam mais rápidos.

Suco de couve e abacate

Ficar tomando todo dia o mesmo suco enjoa, né? Então tentei uma receita de suco de couve e abacate e gostei muito.

Imagem: Ross Berleig


1 xícara de abacate
1 xícara de couve
1 limão espremido
1 ou 2 colheres de sopa de açúcar
250 a 500 ml de água

Bata tudo!

Imagem: Stacy Spensley


Email sobre fibromialgia

Me escreveram pedindo dicas para lidar com a fibromialgia. Acho que esse email pode ser útil para mais alguém, por isso o copio aqui. E lembrando que sempre que quiser pode me escrever, se quiser compartilhar sua história no blog, etc. Meu email é doralice.e.os.dias@gmail.com.

Posso te contar um pouco da minha experiência com a fibromialgia, mas te conto como paciente e não como médica, ok, já que não sou da área da saúde. A primeira coisa que eu sugiro é ela começar a ir a um psicólogo ou terapeuta para tentar se compreender melhor e ver se encontra algum trauma ou algum momento difícil da vida dela que possa ter desencadeado a fibromialgia.  No meu caso,  por exemplo, foi ao me lembrar, anos depois, de uma situação difícil que eu vivera aos 8 anos de idade. Eu me lembrei e comecei a ter problemas digestivos e não consegui caminhar mais, tamanha era a dor. Eu dizia para mim mesma que eu não queria mais seguir em frente,  por isso essa dor que me paralisava. Mas há pessoas que começam a ter fibromialgia após um grave trauma físico, como um acidente de carro. 
Feito isso, é bacana ela cuidar da alimentação. Uma dieta sem glúten me ajuda bastante, assim como comer muita folha verde escura. O suco de couve é famoso como bebida que ajuda, tem uma receita no blog. A cúrcuma é muito indicada na medicina ayurvédica, mas como eu enjoei comer comida com muita cúrcuma, passei a tomar em cápsulas. O chá de semente de sucupira também é famoso, apesar do gosto muito ruim, eu tomo misturado a um suco, existe em cápsulas, mas nunca provei. Outra medicina alternativa que as pessoas usam muito -eu não uso porque meu seguro não cobre- é a acupuntura, mas só uma vez não, pelo menos um mês. 
Sugiro que ela não tente tudo de uma vez, senão não vai dar para saber o que ajudou e o que não ajudou. E vá me dando notícias! 
Abraço e melhoras!





domingo

Quando não podemos trabalhar

Hoje, sentindo muita dor na perna direita, resolvi tomar nota de um pensamento, quando me deparo com um esboço do dia 10.02.16:

Eu me sinto culpada em semanas de dores como essa, na qual minha produtividade cai significativamente. Eu perdi duas aulas nessa semana e não consegui ler os textos. Começava a ler na mesa, logo minha lombar doía, então eu ia para a cama e meus braços doíam de segurar o leitor de ebooks e de repente eu já estava dormindo e resmungando de dores. Quando acordava sentia-me absolutamente culpada por ter perdido mais uma manhã em minha vida. E penso: como quero fazer um doutorado se eu não consigo ficar acordada de manhã para ler um artigo?
Toda vez que entro em crises assim fico adiando a ida ao médico e me auto medicando com o que eu tenho em casa. Eu sei que não deveria me auto medicar, mas desanimo de pensar em ir ao médico para ele falar que com o tempo vai passar e me receitar meia dúzia de ibuprofenos que posso comprar sem receita. Mas a esperança é a última que morre. Vou tentar ir ao médico hoje e quem sabe ele tenha uma ideia brilhante para diminuir a minha dor.

Imagem: Mike Licht