terça-feira

Sobre dores e privilégios -inacabados

Quando a dor aflige às vezes me vejo voltando a outrora. Quando era sã, tanto física quanto mentalmente. Quando eu não me preocupava com o preço dos remédios que tomo. E são muitos. Se reclamo do tanto de remedios que estou tomando, minha mãe logo me censura. "Agradeça que existem remédios para isso" e eu concluo mentalmente "agradeço que minha mãe pode gastar meio salário mínimo com remédios para mim". Se ganho um salário mínimo, se eu não tivesse apoio dela meus ganhos seriam para remédios e moradia. Não sobraria muito para nada mais. Mas reconheço, então, que sou privilegiada, e, na verdade, sempre fui. A última terapeuta que abandonei me fez pensar no quão privilegiada e acomodada estou. O lugar da mente suicida pede, a todo momento, ajuda, e muita gente fica temerosa de dizer não. Pensamentos suicidas e baixa resistência à frustração, o que vem antes, o ovo ou a galinha? O que é ser privilegiado no mundo de hoje?