quarta-feira

O médico e o monstro

- em uma analogia exagerada -

Se há uma coisa que definitivamente me incomoda na área da saúde é a divergência de opiniões médicas. Tanta diferença que dá vontade de pedir o currículo e o histórico escolar de cada médico antes de consultar. Como é possível meia dúzia de médicos falar que você tem fibromialgia, enquanto dois outros afirmam que você tem é fadiga crônica, que esse negócio de fibromialgia não existe e o médico de hoje - por ora só estou falando de reumatologistas - olhar para mim, conversar um pouco, me pedir para fazer uns alongamentos para, ao fim, dizer que isso de dor não existe, que tenho que controlar minha mente para não sentir dor e blá blá blá. E então eu quase tenho que implorar para ele que me receite por favor um remédio para dor, que está foda ficar trabalhando sentindo dor para ele me receitar um remédio não tão agressivo quanto o tilex, me passou o celebra sem deixar, contudo, de afirmar que eu não estou sentindo dor, que eu deveria parar de gastar dinheiro com todos esses remédios e etc.

domingo

Quando estamos tristes

Às vezes eu fico triste. Todo mundo às vezes fica triste. Uma das soluções é fazer o exercício Poliana. Pode soar um pouco bobo, ou infantil, etc. Ficar procurando coisas boas quando a dor está difícil de ser suportado. Ou então fazer um exercício de meditação, buscando afastar todos os pensamentos que aparecem à nossa mente. Tudo isso me parece ser paliativo. Porque ter consciência de que estamos (eu ia escrever temos) com uma doença que nos leva a sentir dor, mesmo sob efeito de remédios fortes, bolsa de água fria, tens/ burst, exercícios físicos, dieta balanceada. Como evitar que a tristeza nos abale às vezes?

quarta-feira

Dor e família

Algumas vezes, na TPM, ficamos tristes. Faz parte, creio eu. Fibromialgia também nos deixa, às vezes, triste. Também faz parte. O movimento rotacional é o movimento da aceitação / não aceitação da doença. A doença se instala e dói. Algumas vezes a doença não dói, dói a certeza da presença da doença e da dificuldade de curá-la ou de estabilizá-la. Dói a incompreensão alheia. Um lado ignorante que insiste afirmar que é tudo psicológico e, por consequência, a culpa da dor é nossa. Acho que demorei mais de um ano de terapia para aceitar que a culpa não é minha. Pelo menos não completamente. 

Cansada de ficar dependente da fisioterapia que tomava, todo dia 20 min além do meu horário de almoço e ciente que nenhum patrão, por maior que seja o coração dele, vai gostar de ter um funcionário que três vezes na semana perde 20 a 30 min por dia com atestado, chegando, ao fim, à possibilidade da demissão por outros motivos, mas nós saberíamos bem qual o real motivo, deixei a fisioterapia. E comprei um ultrassom e um aparelho de tens dividido em não sei quantas parcelas. O aparelho de tens uso na frequência tens acumpuntura, alivia muito a dor e o ultrassom uso acho que 3,5 por 3 min em cada tender point. Depois escrevo o tratamento-teste ao qual tenho me submetido, mas a primeira conclusão à qual cheguei é que melhora sim. Pelo menos não voltei a ter semanas de crise como ocorreu em quase todo o mês de abril.

A compra dos aparelhinhos foi, portanto, um fator de alegria enorme em mim, já que era uma forma de melhorar a dor sem ter que recorrer aos opióides. Mas as pessoas ao redor se assustam, os olhos arregalam a ver uns eletrodos. Foi o que aconteceu quando levei o aparelhinho para a casa de meu pai. Levei porque estava sentindo muita dor mas, mesmo assim, queria ir ver a minha irmã. Usei então os aparelhinhos lá. Caiu a ficha do meu pai. A primeira pergunta dele, nossa, você está sentindo dor assim?? E logo as conversas sobre como isso é psicológico, como podemos resolver tudo com um esforço de autocontrole e etc etc. Se ele fosse o exemplo de pessoa zen-budista,



UM erro

As dores são o que me levam a escrever, nada mais. Faz três semanas que estou nessa perrenga. Estamos em maio e no início do ano mudei todos os planos, todas as metas para pensar em apenas um: melhorar da fibromialgia, sentir menos dor, tomar menos remédios. Comecei pilates, 20 seções de fisioterapia, natação duas vezes na semana, logo três vezes na semana, yoga, massagem duas vezes na semana.

Atividades que melhoram: 
- Fisioterapia (para a dor na coluna que sinto, mas que não é da fibromialgia),
- Massagem: relaxa muito,
- Pilates bem suave, como um exercício de meditação, concentrando em cada movimento e na respiração,
- Alongamento + natação + alongamento: relaxa o corpo, desestressa do trabalho. 

Melhorei a alimentação, diminuindo significativamente na ingestão de alimentos pesados como carne vermelha, carne de porco e derivados.
Emagreci, com a ajuda da massagem e melhora na alimentação. Melhorou a minha auto-estima, e com isso mais feliz, mais sexo com o marido, etc.

Passei, assim, após todas essas mudanças por uma melhora significativa na qualidade de vida. Contudo, alguns fatores desencadearam crises de dor que me deixaram semanas triste e com dor. 

1. Uma professora substituta de natação me passou um tiro de 100m, que me detonou. O professor depois me explicou que eu não devia ter feito o tiro, etc. Mas enfim, acho que o tiro fez desencadear uma crise. Conclusão: não nade com velocidade, treine resistência em um ritmo sem forçar.

2. Um pequeno estresse financeiro, bateram em nosso carro e fugiram, e não temos dinheiro para pagar o conserto.

Como controlar estresses que não são causados por nós mesmos? Porque a autoexigência está clara, notadamente perfeccionista, etc. etc. Desde que essa doença chata me incomoda tenho tentado ser menos exigente comigo e com os outros, menos perfeccionista, aceitar mais os erros meus e dos outros. Mesmo assim, após um ano de trabalho cometi um erro significativo que me levou a sofrer. E junto ao sofrimento, a dor. 

Um erro em um ano. Fiquei a semana toda esperando um dos meus superiores me chamarem para chamar minha atenção, dizer algo como "isso não pode acontecer novamente", "tenha mais cuidado", etc., etc. Mas nada. O máximo que ouvi foi da assistente da chefe que me disse "Não sofra, todo mundo erra". 

Todo mundo erra.

Alguém me explica por que isso não entra na minha cabeça? 
Por que sofrer tanto com a imperfeição que caracteriza a natureza humana?