domingo

A influência da alimentação

Tive um período de relativa estabilidade em relação à fibromialgia, às vezes eu nem lembrava que tinha essa doença. Mas vale dizer que eu mantinha uma alimentação equilibrada, com pouca gordura, pouco carboidrato, pouca carne vermelha; fazia natação três vezes por semana e mantive os remédios. Mas fui passar uma temporada com minha família, mudando totalmente a minha alimentação e o meu dia-a-dia. Passei a comer muito mais pão branco, comidas gordurosas e menos fruta, assim como bebi mais álcool, comi muito mais doce. O resultado foi que, após três semanas nessa dieta, retornei para casa e voltei a sentir dor. Muita dor. Isso me levou a pensar que a alimentação poderia influenciar de alguma forma na fibromialgia.

sexta-feira

Sobre a depressão e fazer o que gostamos

Ontem tive um momento de reflexão sobre a felicidade. Sofro de distúrbio bipolar e ainda estou ajustando o tratamento, logo tenho fases de depressão. Eu estava com depressão profunda há algum tempo e o médico receitou um novo antidepressivo para tentar resolver isso. Com o passar das semanas melhorei, mas ainda ficou aquele vestígio de não estar feliz. O problema é que quando estamos com depressão paramos de fazer as coisas que gostamos. Eu, por exemplo, gosto de nadar, escrever, tocar clarinete, mas parei tudo isso por causa da depressão. E como a depressão nos deixa sem vontade de fazer nada, não fazemos aquilo que gostamos, o que nos deixa ainda mais tristes. E daí vem a inércia. Você já está acostumado a não fazer o que gosta e não consegue recomeçar a fazer o que gosta e a vida fica meio sem graça. Depois de refletir sobre isso com meu marido, chegamos à conclusão que eu precisava voltar a fazer as coisas que gosto. Há meses que digo que vou voltar a nadar, mas não o fazia. Hoje consegui ir. Foi tão bom, tão prazeroso. Gente, vale a pena, mesmo sem ter vontade nenhuma, recomeçar a fazer aquilo que gostamos, que nos dá prazer. Porque a felicidade não é um estado alcançado gratuitamente, a felicidade é construída nos pequenos momentos de alegria.

quinta-feira

Remédios

Já tem um tempo que as dores de fibromialgia não me incomodam mais e isso foi graças ao uso do remédio stelazine, cujo objetivo é tratar o distúrbio bipolar, uma doença psíquica que descobri que tenho. Nessa doença a pessoa ora passa por estados de euforia, como se a mente estivesse descarrilhando de tão rápida e ora passa por estados de depressão, isso em termos bem gerais. O problema é que a depressão me pegou de jeito. Já faz três meses que estou sem vontade de fazer as coisas, sobrevivendo e isso mesmo fazendo uso do velija ou cymbalta na dosagem máxima. Eu uso o velija para a fibromialgia mas ele é um antidepressivo. Só que para mim o velija não funcionou para a depressão. Resolvi ir ao médico e ele manteve o velija e adicionou outro antidepressivo, o valdoxan, mas tirou o stelazine. Agora vou começar a tomar lítio e estou com muito medo.

quarta-feira

...

É difícil escrever só coisas boas. É difícil ser positivo 100% do tempo. Hoje parece que algo estourou em mim. Tanta tristeza que transborda. Mas o pior é que é sem razão. Tristeza somente. Doença em outras palavras. A depressão vai e volta. Fica tanto tempo longe que até me esqueço de sua face. Mas quando volta lembro como é ruim. Parece que transborda porque acho que já tem tempo que estou meio estagnada. Levando a vida sem refletir muito sobre isso. Mas hoje fui pensar no que farei daqui a quatro anos. E a resposta é não sei. A gente gosta de ter certezas, de ter tudo claro e organizado. Mas a vida não se deixa ordenar assim. As coisas simplesmente vão acontecendo. E vamos nos adequando pouco a pouco. Queria poder dizer coisas positivas aqui para vocês. Mas hoje não tem jeito. Só desabafo mesmo. Quem sabe amanhã?

terça-feira

Aprender a se amar

A autoestima nos ajuda a sermos mais felizes. Lendo um trecho de um texto hoje, achei que valia a pena citá-lo aqui para reflexão.
A pessoa com boa autoestima "promove para si mesma o que é bom para ela, simplesmente porque se ama" (Hélio José Guilhardi).
O primeiro passo para ser feliz é fazer aquilo que é bom para nós, não em um sentido egoísta, mas em um sentido de se respeitar, reconhecer seus limites, amar-se.

segunda-feira

...

Pestanejou, mas entrou no banho às 1:27 da madrugada. Lavava sua alma. Clichê, mas era isso. Finalmente se libertara de um fantasma e isso se deveu à mera capacidade de enunciá-lo. Ela conseguiu contar o que sentia para alguém. Cada detalhe da angústia, cada foco de irracionalidade. Releu alguns poemas cujo tema era aquele fantasma. Revisitou fotos à sua procura mas nada. Como em um passe de mágica, a partir do momento em que ela conseguiu enunciá-lo, deixou de existir.
Silenciar é mentir? É ao menos perder a possibilidade de se libertar. Dentro do inconsciente tudo é tão confuso. Tantas memórias e devaneios. Transformar em palavras é reconstruir. Recontar sua história e, como se ela não fosse mais sua, deixá-la ir; mais um devaneio que se foi e, assim, sentir-se mais renovada, livre e feliz.

domingo

Lyrica e distúrbio bipolar

Hoje explodi. Sempre me achavam muito esquentada e eu sofria por não ser capaz de controlar minhas emoções. Mas faz um tempo que fui diagnosticada com distúrbio bipolar. Diz o médico que tem um fator genético forte mas também que um remédio para fibromialgia que tomei muito, o lyrica, pode desencadear esse problema. Eu ia escrever doença, mas. Fazia quatro meses que eu não explodia. Até hoje. Explodi por causa de uma coisa tão pequena. Agora fico me sentindo uma pessoa horrível por não ter conseguido me controlar. Essas variações de humor são muito chatas. Mas o pior de tudo é a depressão grave, ficar sem vontade de fazer nada. Nem de tomar banho. Eu fico triste por ser assim. Queria ser uma pessoa melhor. Alguém aí também tem fibromialgia e distúrbio bipolar?

sábado

A culpa é das estrelas

Acabei de escrever um texto enorme e sentimentalista sobre minha leitura de "A culpa é das estrelas" mas, por culpa do meu celular perdi o texto que havia me levado até a chorar. Mas ao fim o que eu queria dizer é que quando sentimos dor o tempo parece se restringir ao presente, o que me impede, de certa forma, de fazer planos mirabolantes acerca da minha vida. É como se a dor abreviasse nossa concepção de tempo. Outra coisa que pensei é que sou tão egoísta na dor que poucas vezes havia pensado em como as pessoas que me amam se sentem ao me vem mal. Um certo mal estar que causamos simplesmente por existirmos da forma como somos...

sexta-feira

A escrita

A escrita me salva e a escrita só existe se é lida, logo deve ser compartilhada. Acho que se todas as pessoas do mundo tentassem explicar um pouco o peso que trazem dentro de si talvez houvesse mais compreensão e mais caridade. Compartilhamos por que acreditamos que alguém pode pensar ou sentir como nós. E assim nos sentimos menos sós.

quinta-feira

Tipos de dor

Tipologia de dores
É tão difícil definir a dor que às vezes sentimos, encontrei em um site (não lembro qual) a seguinte diferenciação:
1. pulsante
2. pontada
3. agulhada
4. fina
5. aperto
6. em torção
7. fervente
8. formigamento
9. doída
10. esticada
11. cansativa
12. enjoada
13. amedronta
14. atormenta
15. miserável
16. que incomoda
17. irradia
18. aperta
19. fria
20. dá náusea
Para a fibromialgia creio que entram (ao meu ver) os tipos 1, 2, 6, 9, 10, 11, 16, 17, 18 e 20...

quarta-feira

O que todo mundo quer

Todo mundo quer ser amado. Todo mundo quer ser compreendido. Na mansidão dos lares, o homem comum quer ser visto. Vestido de tais roupas, ele quer ser querido. A superação do ego é a solução para esse sentimento de desamparo que lhe aflige. Querer o bem, um mundo em paz gera mais felicidade do que querer ser querido. Por que não querer bem ao outro, independentemente de um retorno? O amor livre e absolutamente desinteressado. Isso nos aproxima da felicidade.

terça-feira

A dor nos faz pensar

Sentir dor nos ajuda a lembrarmos de nós mesmos. Ousar parar um pouco no meio das atribulações do cotidiano. Esquecer da dívida não paga: sermos perfeitos. Colocar um pouco de música e dançar em meio ao vento. Todos temos angústias.
Precisamos diminuir o passo e lembrarmos de respirar. Respirar é viver o presente. Cada um tem uma forma de se ausentar de si mesmo. Por que fazemos isso conosco? Ausentarmos de nós mesmos. Inventamos tantas fugas que nos esquecemos do básico: a lei do amor. Amar ao próximo como a si mesmo. Amar a si mesmo é difícil por quê? É um exercício, que deve ser diário e começa com um sorriso interior.
A gente se sente às vezes tão sozinhos na nossa dor. Mas nos encontramos por aqui e nos apoiamos nas pessoas que gostam da gente. De novo a lei do amor. Do cuidado.

segunda-feira

A criança reprimida

O mendigo
A criança de rua
O filho do pai exigente
A esposa não respeitada

Ela olha o mundo sob a ótica da criança reprimida.
Lição de humildade a que está sendo exposta.

A autocrítica. Medo de errar, que também é outra característica de quem se sente inferior aos demais.
O caminho de cura é aprender a se respeitar e enxergar o mundo como um lugar que tem espaço para todos. Aprenda a se valorizar, mas saiba que tudo tem que partir do seu interior.
Claro que é muito interessante estudar, mas não é um curso, ou a aprovação daquelas pessoas que lhe fará se sentir bem. Você é que precisa se ver como uma pessoa que vale a pena. As pessoas ao seu redor vão ver aquilo que o seu interior mostrar.

Investir em si mesmo, no seu sorriso, na sua alegria, bom humor e fé.

A mulher romântica
O poeta sonhador
O pintor visionário
O filho de nobres incompreendido

Nobreza de caráter. Viver com disposição renovada o que a vida lhe oferece. Um dia de cada vez encarando com alegria o dia-a-dia.

domingo

Sobre o mestrado e a sensação de fracasso

Faz quatro anos que minha vida mudou radicalmente. Faz quatro anos que defendi uma péssima dissertação de mestrado, me descobri com fibromialgia e parei de escrever, ou melhor, tentar escrever algo que se aproximasse de literatura. A dor paralisa, sabemos disso todos. Mas o pior não foi a paralização pela dor, mas sim pelo sentimento de fracasso diante da defesa de uma dissertação ruim. Nunca um C me abalou tanto, ainda que na verdade eu esperasse por um D, ou até mesmo um E. Não vou perder tempo me justificando que estava em crise de fibromialgia, longe da família, logo após ter relembrado e revivido um pequeno trauma de infância. Quantas crianças não tiveram traumas? Por que será que um trauma me doeu tanto que a dor se materializou na doença da dor e no boicote da escrita? O sonho era um só: ser escritora. De repente, como um passe de mágica, só vejo a barra de espaço no teclado do computador. Repentinamente eu deixei minha essência guardada e comecei a comer desenfreadamente. Comer, dormir, chorar e jogar joguinhos de facebook. Ler e escrever se tornaram uma mentira para mim, como se eu tivesse desaprendido a realizar tais ações.

sábado

Saber parar

Ter fibromialgia é aprender a parar, aprender a dizer não, a respirar. É saber diminuir o ritmo e esperar. É aprender a lidar cada dia com uma pequena limitação. É chorar. É deitar-se esperando a dor passar. É viver um dia de cada vez. Fazer planos mais palpáveis e acreditar, ainda que um pouco mais lento, que você vai chegar lá. É aprender a gostar mais de si mesmo e cobrar-se menos e cobrar menos dos outros. E esperar um dia.

sexta-feira

Preguiça?

Uma das dificuldades que tenho é a de diferenciar quando estou com dor de quando estou com preguiça. Algumas vezes, quando estou com dor, tenho menos ânimo para executar tarefas domésticas. Vou deixando tudo para depois. E então olho para minha casa e vejo bagunça em tudo. E sinto-me, nesses momentos culpada por ser "preguiçosa". Eu tenho consciência de que não fiz tal ou qual coisa porque estava com dor, mas mesmo assim me cobro. Acho que tem a ver com a visão machista de que a mulher deve cuidar bem da própria casa. A mulher do lar. Eu trabalho, estudo, não fico em casa o tempo todo. Mas, às vezes, quando estou em casa não tenho disposição para executar simples tarefas. O difícil é deixar de se sentir culpada por ter tanta "preguiça". Às vezes me pergunto se não é preguiça de viver, como se eu vivesse arrastando. A dor nas pernas parece traduzir isso, cada passo é um novo esforço e os caminhos aparecem-me cada vez mais distantes.

quinta-feira

Quando não estou sentindo dor

Lembro-me de quando um amigo teve uma situação meio ruim no trabalho. Perguntei se ele estava se sentindo mal por aquilo. A resposta dele foi: não me sinto mal por isso, o pior mal foi ter nascido, disse em um tom irônico. Mas então ele me perguntou como eu estava me sentindo. Eu respondi, bem, e em seguida pensei e disse: hoje não estou sentindo dor. Essa resposta me levou a uma série de reflexões. Falei para ele: Quando a gente tem fibromialgia é tão fácil estar feliz, basta não estar sentindo dor. Acho isso bastante profundo. A não-dor enquanto geradora de felicidade. Quando a gente fica doente começamos a dar valor a pequenas coisas que antes sequer notávamos: levantar o braço e sentir o ar leve, caminhar tranquilo pela rua sem dor, sentindo o vento, tudo isso me deixa feliz. Se a fibromialgia é desagradável, pelo menos nos ensina a valorizar coisas, momentos e vivências que antes passavam desapercebidos.

quarta-feira

Imagem representando a Fibromialgia

Às vezes eu buscava imagens no Google para ver se alguma delas retratava a dor que eu sentia. A mais comum é uma pintura de Frida Kahlo com uma mulher cheia de pregos, já viram essa imagem? Mas acho que não traduz a dor que sinto. Às vezes sinto como e minhas pernas, meus braços desaparecessem. Eu tinha de ver isso representado por imagem, mas não sei desenhar. Contudo, conheço artistas, pessoas talentosas que sabem transformar sentimentos em imagem, como fez o André nessa imagem. Achei bonita a leveza que permaneceu, mesmo com pernas e braços desaparecendo. Creio ser essa leveza que devemos buscar, ainda que apesar da dor. 

Observação: se fizerem referência à imagem não se esqueça de citar a fonte incluindo sua página
André Persechini.