segunda-feira

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Pestanejou, mas entrou no banho às 1:27 da madrugada. Lavava sua alma. Clichê, mas era isso. Finalmente se libertara de um fantasma e isso se deveu à mera capacidade de enunciá-lo. Ela conseguiu contar o que sentia para alguém. Cada detalhe da angústia, cada foco de irracionalidade. Releu alguns poemas cujo tema era aquele fantasma. Revisitou fotos à sua procura mas nada. Como em um passe de mágica, a partir do momento em que ela conseguiu enunciá-lo, deixou de existir.
Silenciar é mentir? É ao menos perder a possibilidade de se libertar. Dentro do inconsciente tudo é tão confuso. Tantas memórias e devaneios. Transformar em palavras é reconstruir. Recontar sua história e, como se ela não fosse mais sua, deixá-la ir; mais um devaneio que se foi e, assim, sentir-se mais renovada, livre e feliz.

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