segunda-feira

Sobre limites

Um dos problemas de quem está com fibromialgia é saber diferenciar os tipos de dor. Pessoas metódicas como somos poderíamos catalogar as dores e, assim, aprender, pouco a pouco, a diferenciá-las.

Hoje, por exemplo, estou sentindo aquela dor de como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Mas tudo isso creio que se deve ao fato de que ontem ousei fazer uma aula de yoga um pouco pesada demais para mim. Surge assim, outro ponto importante para o fibromiálgico: compreender e respeitar seus limites. Até onde eu posso nesse exercício? Qual é o tempo máximo que aguento no momento para lavar vasilhas? Se o tempo máximo são 5 minutos, e nesse tempo não foi possível terminar de lavá-las, deixe-as lá na pia que quando você estiver melhor você lava.

É claro que pensar assim é complicado para pessoas como nós que se cobram de mais, afinal, tem coisa pior que não conseguir lavar todas as vasilhas da pia? Ou então, ter que parar de fazer os exercícios na aula de yoga e esperar por um exercício mais leve enquanto todos os outros continuam a fazer os exercícios? É claro que não é fácil lidar com isso. Esses dois exemplos são apenas imagens das inúmeras outras situações que o fibromiálgico vivencia nas quais ele deve trabalhar sua relação com os seus próprios limites. Se ontem eu não tivesse me obrigado a fazer quase todos os exercícios da yoga certamente hoje não estaria morrendo de dor. E se você não tivesse se cobrado tanto acerca de ______, possivelmente estaria se sentindo melhor (ou um pouco menos pior) hoje.

terça-feira

Diminuindo os remédios

No início do mês fui a um reumatologista para olhar a questão da dor que sinto na base da coluna (em termos médicos, sacroilíaca).
Um das dificuldades que encontrei, ao sentir por muito tempo dor pelas quase todas as 24 horas do dia, é diferenciar os TIPOS de dor. O problema da fibromialgia em graus altos é que tudo é dor. Por essa razão, por muito tempo eu sentia uma dor má coluna insuportável e acredita que era o dia em que a fibromialgia resolveu "atacar". Essa dor se parece a uma furadeira espremendo aqueles dois pontos em minha sacroilíaca. Se eu não tivesse começado a melhorar, continuaria acreditando que era apenas mais um sintoma da fibro. Acontece que, após seis meses de tratamento interdisciplinar (tema de um próximo post), comecei a melhorar, pouco a pouco, da fibra. E então surgiu a questão: por que é que essa dor na sacroilíaca não melhora? Acho que só é possível começar a diferenciar dores - a que é de fibro e a que não é- depois que melhora, só assim me parece ser possível conhecer a dor da fibro. E me parece que a dor da fibromialgia não tem nada a ver com furadeira. (cont.)

quinta-feira

Sobre o trabalho

Um dos problemas para o fibromiálgico é a questão do trabalho doméstico. Consideramos que vivemos em uma sociedade minimamente machista, como deve a mulher com constantes dores no corpo agir diante dos inúmeros trabalhos domésticos? Financeiramente ocupo o limiar entre classe baixa e classe média. Desse modo é absolutamente inviável pagar por uma diarista. Lá em casa, um apartamento pequeno com 2 quartos e 1 banheiro não dá muito trabalho fazer uma faxina. Isso se eu estivesse com uma boa saúde. Mas quando eu sinto dor, varrer um quarto já é um esforço. E acho que é por causa disso que após perguntar sobre o estado civil os reumatologistas sempre vem com a pergunta: e seu marido te ajuda com as tarefas domésticas? No meu caso, felizmente me casei com um homem que é quase um feminista. Mas junto à alegria da resposta afirmativa vem-me a culpa e a angústia por não dar conta do recado.

Sobre os sentimentos

Uma das questões a serem trabalhadas para o tratamento da fibromialgia é acerca dos sentimentos. Como somos metódic@s, eu chegaria a dizer que é necessário catalogar os sentimentos.
É claro que isso é um exagero. Não é necessário catalogar, mas ao menos pensarmos sobre o que sentimos e como nos sentimos nas mais diversas situações. Após tomar consciência dos sentimentos mais recorrentes em nosso íntimo, devemos buscar trabalhá-los e mudá-los, pouco a pouco. (bem sabemos que isso não é fácil)
Sugestão 1: se perguntar e buscar solucionar os seguintes problemas:
Qual sentimento me faz mal, me paralisa?
O que é que me fez perder as forças internas para, logo, ser traduzido na perda e forças físicas?
Como alterar esses sentimentos?