Não sei se já aconteceu com vocês mas comigo, quando falo ao médico sobre alguma coisa que li na bula do remédio, geralmente ele diz que eu não devo me preocupar, que não devo ler a bula, e que se todo mundo lesse a bula, ninguém usaria remédios alopáticos. Mas os remédios que tomamos para fibromialgia são muito fortes e muitas vezes não temos ideia da dimensão dos efeitos colaterais. Hoje eu vou falar do Lyrica (Pregabalina). Comecei a tomar esse medicamento quando sentia que nada mais ia resolver para as dores que eu estava sentindo e eis que resolvo desistir dos vários médicos que eu havia consultado no convênio e fui a uma médica privada, bem cara por sinal. Por consequência ela me receitou um remédio também caro, mas que me fez, logo no segundo dia, voltar a sentir meus braços leves, meu corpo mais leve. Mas aos poucos fui percebendo que minha cabeça também estava mais leve, comecei a ter o que eles chamam em inglês de fog (nevoeiro). Trata-se de uma sensação de que os pensamentos estão indo embora, quando vamos conversar às vezes faltam palavras, além de uma grande dificuldade de concentração. Tive também náuseas e muita gente achava que eu estava grávida de tanto que reclamava de tontura. O efeito fog pode ser muito ruim para a produtividade no trabalho, mas aí eu pensava se era melhor ter o fog ou sentir dor. Optei pelo fog. Com o tempo fui me acostumando, mas após alguns meses o Lyrica já não fazia mais tanto efeito como antes, voltei a sentir dor. Consegui por milagre uma consulta com uma médica do SUS, excelente médica, mas preconceituosa. Quando eu disse que eu já tinha tido um plano de saúde ela disse que não poderia me tratar porque a demanda do SUS era grande e havia outras doenças mais graves que fibromialgia. Naquela época eu estava sem plano de saúde e achei injusta sua colocação. Mas isso é assunto para outro post. Voltando à questão dos medicamentos, ela me receitou o Cymbalta (ou Velija, o cloridrato de duloxetina), que eu tomava junto ao Lyrica. O resultado foi que metade do meu salário eu gastava pagando esses medicamentos e pela primeira vez me senti sem dor. Mas o Cymbalta também trazia seus efeitos colaterais inúmeros, tais como náusea, vertigem, constipação, flatulência, bruxismo, aumento do peso e a temida diminuição da libido. Mas então, não me lembro por qual razão, meu novo médico sugeriu que eu retirasse o Lyrica e vivenciei um período terrível de síndrome da descontinuação. Eu parecia um monstro de tão nervosa que fiquei, impaciente, com forte alteração do humor, com a mente altamente veloz, o que também me impedia de concentrar, seguido por um longo período de depressão grave. Fui ao psiquiatra e ele me diagnosticou com distúrbio bipolar. Comecei a tomar controladores de humor e me senti bem melhor. A teoria desse psiquiatra é que provavelmente o uso do Lyrica desencadeou essa doença em mim. Dá vontade de processar a Pfizer, mas como posso provar isso? Os efeitos colaterais do Lyrica você pode ver aqui. E os efeitos colaterais do Cymbalta, aqui. A conclusão, na minha opinião, é que esses medicamentos para fibromialgia são tóxicos demais, e geram outras doenças, o que nos leva a entrar em um ciclo vicioso de dependência por medicamentos. Não acho que as empresas farmacêuticas estão interessadas em curar nossas enfermidades, elas apenas querem que essas doenças continuem a ser crônicas e nos fornecem medicamentos caros que aliviam grande parte dos sintomas, mas não curam. Por isso acho que devemos buscar a cura em outro lugar, só que ainda não sei onde. E também não consigo ficar sem medicamentos por enquanto. Grande parte das pessoas que têm fibromialgia também não consegue
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