sexta-feira

Tentativa terapêutica

Como já contei aqui, estou fazendo amizade com uma moça que tem dor crônica, mas continua fazendo inúmeras atividades da sua vida. Isso me fez pensar sobre meu posicionamento em relação à doença.

Quando estou sentindo muita dor, fico deitada na cama e espero a dor passar (às vezes não passa) ou durmo. Quando vejo uma escada, busco logo o elevador. Mas na última vez que fui a uma médica por causa dessas dores ela me disse, olha, se você estiver sentindo dores extremas, tudo bem, pode deitar, mas se for uma dor de nível médio, mova-se! Assim, comecei a mudar meus hábitos. Quando estou com dor média, mas com dificuldade de concentrar para ler ou trabalhar, eu vou lavar as vasilhas, limpar a casa. Comecei a fazer caminhadas com o cãozinho da vizinha. No primeiro dia fiz um esforço bem grande para caminhar, já que era uma subida aqui perto de casa. Mas hoje já é prazeroso caminhar. Eu acho que vale a pena tentar.

Eu posso escolher deixar de fazer todas as tarefas domésticas porque não tenho força no braço. Mas posso escolher, ao invés de parar, fazer aquilo que dou conta, cada dia mais e mais. Posso escolher ficar prostrada na cama, envolta em minha dor, mas posso escolher também pegar agulhas e lãs e fazer toquinhas para doar a bebês, ou ir a um asilo conversar com idosos, ou ir passear com os cães do abrigo de cães. Mas para isso a gente precisa começar. Sair do modo potência (que engloba tudo aquilo que podemos ser) e ir para o modo ato.

Foto: Gareth Williams

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