quinta-feira

Sobre o amor

Acho que no fim tudo se resume ao amor. Ao amor que a gente doa e espera receber de volta. Como dizia Heidegger, o cuidado (sorge). Viver em sociedade é necessariamente viver com o outro. Mas algumas vezes optamos por viver para o outro. O para assume, aqui, o sentido de doação. O gostar, o se preocupar, e as diversas formas que o termo cuidado, ou amar assumem. É fácil, quando gostamos, cuidarmos do outro? O problema é que algumas vezes nós nos esquecemos de cuidarmos de nós mesmos, nos abandonamos, nos matamos pouco a pouco, pedacinho por pedacinho. É muito importante cuidar do outro, mas nunca devemos nos esquecer de cuidarmos de nós mesmos. A lição do outro é que nós não devemos nos abandonarmos jamais. E às vezes decidimos nos escondermos no sorge pelo outro. Mas para bem cuidar é preciso, antes, ser cuidado.

O desamparo é o sentimento consequente do excesso de sorge por um outro que não te reconhece como alguém a ser lembrado. Mas quem colocou a impressão de necessidade da lembrança fomos nós ao criarmos expectativas e ao esperarmos algum sorge em troca. O amor tem que ser doado como um pedaço de pão. Ele será comido e deixará como vestígio no mágimo algumas migalhas. Mas não devemos procurar por elas. Ao doar sorge você não deve esperar nada em troca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário